Abstract
Influências Ficcionais | Perspectivas CríticasProfessor University of Strathclyde, Membro fundador GLAS, Co-editor "Writing the Modern City"
arqa: Tendo em conta a sua investigação arquitectónica, de que forma lhe interessa a questão da arquitetura e/na/como ficção?
Jonathan Charley: Ia precisar de uma biblioteca para identificar e isolar as múltiplas formas em que a arquitetura e a ficção se encontram, sobrepõem e por vezes se fundem. Algumas das questões levantadas por este debate são exploradas num livro que coeditei recentemente chamado Writting the Modern City - Literature, Architecture and Modernity. Mas a resposta mais simples é que eu, como a maior parte das pessoas, gosto de histórias e de contar histórias. Tudo começa e acaba com uma história, ficcional ou outra, e não consigo conceber um edifício, um livro, ou mesmo qualquer outro objeto material ou cultural que não tenha uma história para contar, se o deixarmos falar. É também por isso que, do mesmo modo que não consigo conceber um edifício sem "enredo", em termos das suas funções, da experiência sensorial quando o utilizarmos, ou do seu papel ideológico, também não consigo pensar num romance que não esteja baseado nalguma conceção de espaço e de tempo, quer se trate de um edifício particular, um panorama urbano ou uma área geográfica. Então, é num sentido muito real que tanto os textos literários quanto os edifícios podem ser encarados como narrativas, que são guiadas pela relação dinâmica entre tempo, espaço e realidade social. Um dos meus projetos atuais, que apresentei na generalidade no ano passado em Lisboa, é o que descreveria como uma "viagem literária através do imaginário arquitetónico". Tenho um fascínio particular pela história dos romances e filmes que são célebres tanto pela sua poderosa presença "cronotópica" como pela forma como que apresentam uma crítica da sociedade e do desenvolvimento urbano contemporâneo. É, particularmente, o caso dos romances e filmes que exploram a dialética entre utopia e distopia. Nestas obras a narrativa está inimaginavelmente fora do tratamento particular do espaço e tempo do autor, ao ponto de que, nalgumas produções literárias e cinematográficas, uma cidade ou edifício ter uma presença tal que assume o papel de uma personagem. É o caso de romances como o We de Zamyatin, Bend Sinister de Nabokov, Metropolis de Karinthy, The Lathe of Heaven de Ursula Le Guin e das obras de Ballard como High Rise e Super-Cannes. Como obras ostensivas da "ficção", estes romances têm frequentemente mais a dizer sobre a realidade social e a natureza real da cidade do que os escritos urbanísticos que se prtendem objetivos.
arqa: Tendo em conta a sua investigação arquitectónica, de que forma lhe interessa a questão da arquitetura e/na/como ficção?
Jonathan Charley: Ia precisar de uma biblioteca para identificar e isolar as múltiplas formas em que a arquitetura e a ficção se encontram, sobrepõem e por vezes se fundem. Algumas das questões levantadas por este debate são exploradas num livro que coeditei recentemente chamado Writting the Modern City - Literature, Architecture and Modernity. Mas a resposta mais simples é que eu, como a maior parte das pessoas, gosto de histórias e de contar histórias. Tudo começa e acaba com uma história, ficcional ou outra, e não consigo conceber um edifício, um livro, ou mesmo qualquer outro objeto material ou cultural que não tenha uma história para contar, se o deixarmos falar. É também por isso que, do mesmo modo que não consigo conceber um edifício sem "enredo", em termos das suas funções, da experiência sensorial quando o utilizarmos, ou do seu papel ideológico, também não consigo pensar num romance que não esteja baseado nalguma conceção de espaço e de tempo, quer se trate de um edifício particular, um panorama urbano ou uma área geográfica. Então, é num sentido muito real que tanto os textos literários quanto os edifícios podem ser encarados como narrativas, que são guiadas pela relação dinâmica entre tempo, espaço e realidade social. Um dos meus projetos atuais, que apresentei na generalidade no ano passado em Lisboa, é o que descreveria como uma "viagem literária através do imaginário arquitetónico". Tenho um fascínio particular pela história dos romances e filmes que são célebres tanto pela sua poderosa presença "cronotópica" como pela forma como que apresentam uma crítica da sociedade e do desenvolvimento urbano contemporâneo. É, particularmente, o caso dos romances e filmes que exploram a dialética entre utopia e distopia. Nestas obras a narrativa está inimaginavelmente fora do tratamento particular do espaço e tempo do autor, ao ponto de que, nalgumas produções literárias e cinematográficas, uma cidade ou edifício ter uma presença tal que assume o papel de uma personagem. É o caso de romances como o We de Zamyatin, Bend Sinister de Nabokov, Metropolis de Karinthy, The Lathe of Heaven de Ursula Le Guin e das obras de Ballard como High Rise e Super-Cannes. Como obras ostensivas da "ficção", estes romances têm frequentemente mais a dizer sobre a realidade social e a natureza real da cidade do que os escritos urbanísticos que se prtendem objetivos.
Original language | English |
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Journal | Arquitectura E Arte |
Volume | 13 |
Publication status | Published - 2012 |
Keywords
- architecture